domingo, 20 de dezembro de 2015

The last existence


    
     Minha casa era uma loja, um mercadinho, tinha várias prateleiras – finas e altas – por toda a loja. Nos fundos, onde estavam o feijão, arroz, etc., tinha uma TV de lcd e um ps2, e 3 banquinhos pra galera sentar. Eu já estava lá, jogando com o hk.
     O mundo estava um tanto distorcido e não havia sol, embora fosse dia. Na frente da casa havia uma loja que me lembrava a loja da Esplanada, mas eu só podia ver a parte da frente. Foi quando eu a vi atrás dos outros funcionários que estavam perto do balcão, na parte da frente, ela era, ainda é, linda com seus cabelos negros e macios, com os braços cruzados… aqueles olhos castanhos que variavam pro escuro… eu não conseguia parar de contemplá-los, ela era uma deusa da beleza, da perfeição.
     Ela me olhou e deixou escapar um sorriso. É indescritível a sensação que sinto quando a vejo sorrir, quando a vejo alegre, mas desta vez o que eu senti foi medo, não sei o que ela fazia ali, mas ela continuou aonde estava e não olhou mais para mim. Nisso uma mulher ruiva que trabalhava como “caixa” me pegou de surpresa.

Oi, quer alguma coisa? - Disse ela.
- Não não…
- Tem certeza? Faço desconto pra você. - Nisso ela estava exibindo o decote dos seios.
Não quero nada, obrigado – Dei as costas e fui jogar videogame.

     Enquanto eu jogava, outra mulher, uma garota, se exibia para mim… saí de lá e voltei para a “Esplanada”.

- Bom dia, a senhora poderia chamar aquela garota ali? - Apontei para minha namorada.
- Que garota? - Perguntou a caixa, e nisso minha namorada se aproximou.
- Não precisa mais chamar, ela já veio.

Nós ficamos quase no meio do balcão, cercado de gente trabalhando. Perguntei:

- O que você faz aqui?
- Ela me trouxe por causa da chuva – apontou para minha vizinha.
- Que horas vai sair? Vamos logo embora…
- Não! Tem umas coisas aqui… depois falo contigo – e me deu as costas.

     Péssimo, agoniante, algo me sufocava, eu queria tanto falar com ela, ficar com ela… Estava morrendo de saudades, ela havia sumido por 5 dias e eu queria saber o que houve. Não voltei a vê-la nesse dia.

     Manhã de um dia qualquer, o mundo ainda distorcido, não exibia sol, apenas um céu nublado e pingos tão minúsculos que nem se podia chamar de chuva. Acho que eu estava no cursinho, na sala de aula, e ela estava lá ao meu lado, uma cadeira depois de mim, pois entre eu e ela tinha um cara alto, todo de preto, com boné e usava uma camisa de uma banda qualquer. Ela mal falou comigo…
     … Depois do cursinho, ainda de tarde, em uma rua que nunca vi na vida, estavam nós três, eu, ela e o tal cara. Ela falava comigo direto, e quando percebi só estavam eu e ela voltando para casa, quando desabei.

- Porque você sumiu? O que aconteceu? - Eu a abraçava.
- Nada não, só não estava bem.
- Eu senti saudades sabe? Não conseguiria viver sem você, não posso resistir ficar sem te ter…

     Eu comecei a chorar. A chuva engrossou, parecia que o céu chorava comigo, mas dos meus olhos não saiam lágrimas, apenas gotas de chuva. Ela abriu o guarda-chuva azul.

- Sabe… preciso te contar a verdade. Eu vi aquele menino, e eu senti uma coisa, senti meu corpo nele, aí quis conhecê-lo. Fiquei meio mal por ti, e por isso faltei esses dias.
- “Senti meu corpo nele”… hm…
- Foi só isso, já passou, ele…
- Chega! - Gritei, explodi, dei um golpe no guarda-chuva e me deitei no chão todo lamacento.
- Desculpa, eu não quero ele, eu te amo, me desculpa – Ela se deitou sobre mim. Nunca senti tanta pena de mim em toda minha vida.

     O tempo parou e começou em outro ponto. No cursinho novamente, agora com alguns computadores sobre as mesas… mesas que lembravam as da minha antiga escola, MT.
     E lá estávamos nós três de novo, e mais três meninas. Toda vez que olhava aquele cara, ouvia em minha mente “senti meu corpo nele” e explodia de ódio por dentro, queria matá-lo. Foi quando algo que não lembro aconteceu, e nós seis fomos apresentados um ao outro, só faltava ela me apresentar ele, e aí aconteceu.

- Esse aqui é o “…?” - Não lembro o nome dele.
- Meu nome é [yt] – eu disse com raiva.

     Ela já tinha mudado seu olhar, e eu não mais ficava hipnotizado com ele, me sentia perdido em seus olhos. Lembrei do que aconteceu entre ela o o Gon, e eu já não tinha como continuar a vida.


*

     Acordei chorando. Foi real? Nem quis saber, aproveitei a dor e tentei me matar com ela, mas com o passar do tempo percebi que tudo foi apenas um pesadelo. Mesmo sabendo disso, eu não conseguia me sentir bem, foi apenas um sonho, e isso acabou comigo.

     Essa é uma lembrança do futuro, do dia em que te perdi.


     E nove dias depois, o pesadelo se torna real.


- (17/5/10)

Someday I know I'll find my place



“Todo esse tempo com você, 1 ano ao seu lado, lembrar disso… de você… do que a gente passou juntos… lembrar de quando te vi pela primeira vez… lembrar de quando você pediu meu livro de matemática, das duas noites que andei com você pelo conjunto de mãos dadas… daquela madrugada que a gente passou rezando… do estresse lá na casa da Andreza… da feira da cultura… do dia 14 de novembro… de tudo isso e outras coisas….”

- 2010

sábado, 19 de dezembro de 2015

O monumento sem nome - Cidade



Em meus sonhos eu me perdi
Nos meu desejos me afoguei
Tentei desesperadamente fugir
Tentei desesperadamente acordar
Em pensamentos eu fugi
E sem pensar eu me perdi

(e onde estava o amor?
E onde estavam as mãos oferecendo salvação?)

Cheguei ao lado negro da mente
Minhas perversidades materializaram-se
Tentaram me seduzir e eu quase aceitei
O convite para um banquete no inferno

Na cidade eu me perdi
A escuridão me absorveu
Da cidade eu tentei fugir
Eu estava caçando meu próprio eu

(Você se importa com quem além de você?
Você se importa com o bem estar de ninguém além do seu)

A ninfa do pecado me envolveu
Ela não se importava comigo
Tudo que eu tenho é uma alma
E uma alma é mil reais no paraíso
Ela me disse sorrindo:
"Não importa para onde você corra
A marca está com você
Eu faço parte de você..."

Na cidade eu cheguei
O pavor tomava conta de mim
Pelo muro da cidade eu pulei
Caindo em outro abismo, caindo mais um eu

[...]

Sei que estou perdido dentro de mim
A cidade sou eu...

domingo, 13 de dezembro de 2015

Poço de lamentações



Quantos anos já passaram?
venho caminhando a tanto tempo, procurando uma liberdade
uma forma de me libertar do sofrimento, me libertar do mundo
libertar da minha humanidade
nada é mais triste que ser um humano.



Quantas preces já não foram feitas ao choro?
em momentos de desespero ou ódio
em provas de egoísmo ou amor
onde cada um deseja algo inalcançável...

Eu não quero viver
Eu não quero morrer
Renascer? Não existir?
Só preciso de uma rota de fuga da humanidade









Solidão, sofrimento, dor...
eu canto o deplorável para ficar marcado
pois se você ver, as boas coisas aparecem e somem
em um instante
as coisas ruins veem e ficam impregnadas na carne
as boas coisas são recompensas...






...por aguentar viver nesse mundo miserável.